Tre metri sopra il cielo

Trilha sonora para uma manhã cedo pós noite de insônia: soundtrack de Tre metri sopra il cielo [Três metros acima do céu]. Um filme que assiste há pelo menos uns 18 anos, italiano, baseado no livro de Frederico Mocca. Uma história meio “Romeu e Julieta” moderna.

O bom de noites de insônia é sair da cama muito cedo com muitas reflexões. Depois de acordar com uma crise de ansiedade absurda, com falta de ar, e não conseguir mais dormir, simplesmente por não conseguir aquietar corpo e mente, resolvi levantar, deitar na rede em frente ao mar, numa manhã gelada (sim, ventinho gelado), em baixo das cobertas, para tentar relaxar….

Ao invés disso, a mente está a mil, criativa como se eu tivesse tido a melhor noite de sono dos últimos anos (exagero da minha parte, lógico). Mas é bom, importante e fundamental esses momentos, de reflexão, de quietude. Gosto de escrever e sinto falta da fazer isso com mais freqüência. Eu sempre tive diário, e tenho vários guardados. Eu costumava escrever tudo aquilo que eu sentia na segurança e certeza que ninguém leria. Meus medos, incertezas, desejos, sonhos, planos. O que viesse a mente. O que me inquietava. Mais ou menos o que eu tento fazer aqui. Até que ultimamente eu tenho deixado isso aqui mais pessoal que antes. Apensar de sempre ter deixado claro que eram meus pensamentos… Enfim…. Não vem ao caso.

De qualquer forma, o ponto aqui não é o filme italiano, nem a sua trilha sonora que eu não sei há quantos anos eu não ouvia…. O ponto da questão é que talvez mais do que nunca (eu tenho certeza que eu já escrevi isso antes, não aqui), eu não tenho a menor ideia do que fazer da minha vida. E sim, é literalmente esse sentimento. Ok, ir num psicologo poderia ajudar muito, talvez sim, talvez não… provavelmente ajudaria um tanto, mas não é isso, porque eu não sei se eu quero decidir. Na verdade eu sei que eu não quero decidir nada. Sabe quando a gente deseja um momento pra gente? Eu tô nesse momento da minha vida. Não posso ser ingrata em dizer que minha vida é ruim, porque é longe disso. Eu tenho uma vida muito boa, com seus percalços, como qualquer pessoa, mas me sinto cansada, cansada de tomar decisões, cansada de cuidar de todos, cansada de me preocupar, de me cobrar, de me culpar. De fazer o que eu não quer fazer, de ir onde eu não quero ir. De conviver com pessoas que não quero conviver. A vida adulta vem junto com um monte de boletos e responsabilidades. Os boletos é a parte mais fácil (para quem acha que não, acredite, é!). Mas, conforme vamos envelhecendo, as responsabilidades vão cada vez mais aumentando.

Talvez se possa pensar que meu trabalho me exige muito, e exige mesmo, mas para quem é um profissional cuidadoso e dedicado, qualquer trabalho irá exigir muito. E, felizmente, eu sou esse tipo de profissional. Não sei ser menos que isso e nem quero ser menos que isso…

Eu só queria um tempo, meu. Talvez um pouco de um tempo fora do tempo. Tenho visto que em treinos longos eu chego nisso. Nesse tempo fora do tempo, num tempo só meu. Eu sou inquieta, aquela coisa de relaxar em frente ao mar, não combina muito comigo se eu tiver que ficar parada.

Talvez esteja na hora de eu pensar mais em mim. Me afastar, dar três passos para trás e quando eu “voltar” descobrir o que ficou para seguir.

Publicado por Beta

Diário atemporal de reflexões feitas ao vento.

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